domingo, 25 de dezembro de 2011

Dias 3 e 4: Conhecendo os amigos e enfim!, turismo.

Como uma forma de diminuir o atraso nos meus relatos (porque três dias são mais do que suficientes para que pequenos detalhes sejam esquecidos pela nossa memória), condensarei os dias 3 e 4 em um único post aqui.

Meu terceiro dia na África do Sul começou com algo raro por aqui durante o verão: chuva. Por causa dela (e por termos chegado quase às 5 da manhã do cassino na noite anterior), acordamos bem tarde. Mãe e pai (é assim mesmo que eles falam comigo, “your mum” e “your dad” para falar um do outro) estavam trabalhando, portanto almoço foi por nossa conta.

Fomos ao shopping novamente, fizemos mais algumas comprinhas e voltamos para casa. Dia chuvoso é preguiçoso em qualquer lado do Atlântico.

À noite, então, fomos à casa do melhor amigo da vida toda do John. “Uncle” Victor e seu irmão Morgan. “Autie” Andrea, namorada desde sempre do Victor, não estava.

É difícil me acostumar novamente a apresentações com não-brasileiros. Para ser bem sincera, eu nunca gostei muito dessa coisa tupiniquim de beijinho na bochecha de quem eu nem conheço, mas pelo menos é uma regra social que eu conheço e sei que os outros estão esperando. Mas como cumprimentar um não-brasileiro que não está acostumado ao calor humano dos latinos?

Por sorte “Uncle” Victor fez uma certa pesquisa e já conhecia os beijinhos brasileiros. Só que ele deu dois beijinhos, como carioca, e a paulista aqui só dá um. Beijinhos acertados, ele nos ofereceu vinho.

Sul-africanos têm uma relação especial com o vinho. Falar das vinícolas (e visitá-las) é motivo de muito orgulho e não gostar de vinho é praticamente um insulto. Não sou a maior especialista e sou mesmo é chegada numa cerveja, mas gostei do vinho. John e “Uncle” Victor acharam o vinho mais ou menos. Eu sei lá.

Após muito vinho, ping-pong, sinuca e conversa fora, posso dizer que gostei muito dos amigos do John. O que é um alívio, porque não gostar dos amigos do namorado pode ser um problema sério.

Voltamos para casa por volta da 1:30 da noite. John tinha dentista às 2 da tarde no dia seguinte. Acordamos à 1 com Max entrando no quarto e perguntando se a gente tinha morrido.

Mãe e pai de novo trabalhando, comemos McDonald’s mesmo (que era o mais perto e rápido) e saímos para a dentista.

Ah, sim. Talvez agora seja a hora de explicar que a dentista é a mesma “Auntie” Andrea (lê-se “An-dré-a”, como em português, não “Ândria”, como em inglês) que mencionei antes. Ela, assim como eu, tem descendência suíça. Ela, diferente de mim, fala alemão e suíço-alemão fluentemente.

Novamente o constrangedor momento de não saber como cumprimentar. Ia acenar, ela fez que ia me dar beijinho; eu fui dar beijinho, ela resolveu acenar. Decidimos que um abraço rápido era a melhor forma e ela foi se ocupar de cuidar da boca do meu namorado.

Após isso, “Uncle” Victor foi buscá-la no trabalho e John decidiu que enfim era hora de me mostrar um pouco da parte turística da Cidade do Cabo. Pegamos carona com os dois até o aquário da cidade.

Nemos!
Logo na entrada vi Doris, Nemos e todo o elenco do filme da Pixar ao vivo e em cores. Como no fundo eu sou apenas uma criança grande, passei a saltitar entre os aquários e fotografar e filmar tudo ao redor. John, do alto de sua paciência chinesa, apenas me observava e tirava fotos minhas quando eu pedia.

E, como sou uma pessoa muito sortuda, a exposição especial da temporada no aquário era de sapos. Quem me conhece (e até quem não me conhece, porque faço questão de deixar isso bem claro para todo mundo) sabe que eu tenho pavor de sapos. Com a ajuda do John, no entanto, consegui me desviar deles e não vi quase nenhum.

O lado de fora do aquário é outra coisa fantástica. Ao lado de um hotel 7 estrelas (é isso mesmo, você não leu errado), em frente ao lindo e azul Oceano Atlântico (que deste lado de cá é geladíssimo). Um daqueles centros comerciais bem feitos para turista ver, sabe? Cheio de grupos tocando música e fazendo danças típicas e de lembrancinhas a preços exorbitantes.

Desta vez não pude resistir às lembrancinhas e comprei uma foca de pelúcia por 65 rands (o equivalente a, hum..., menos de 20 reais). Por que foca? Oras, porque ali mesmo, ao lado do hotel 7 estrelas e em volta dos iates dos hóspedes, havia focas descansando ao sol (meu quarto dia aqui – assim como os que vieram após ele até agora – foi de céu azul e sol queimando). Consegui, inclusive, filmar uma família de focas no cais com os dois filhos brigando enquanto a mãe dormia (e de vez em quando acordava, dava uns rugidos do tipo “Menino, se cês não pararem de brigar agora mesmo eu vou aí com meu chinelo resolver isso!” e voltava a dormir).

Mas a história das focas é longa e faz parte do meu quinto dia aqui. Ao quarto dia cabe dizer que ainda não acabou.

Mãe e Max foram nos buscar no aquário e viemos para casa descansar. À noite saímos com “Uncle”, “Auntie” e Max para tomar umas cervejas num restaurante alemão. Na volta, “Auntie” queria passar numa feirinha que ia até a 1 da manhã e me usou para convencer os rapazes (afinal, que turista resistiria ao convite de “Quer ir fazer compras numas lojinhas lá no centro debaixo de luzes de Natal?”).

A feirinha era exatamente como uma feirinha no Brasil, só que completamente diferente. Hum. Complicado? Vejamos... Imaginem uma feirinha dessas de rua, com barracas e gente vendendo roupas e brinquedos e lingeries ao ar livre. Pensou? Agora imaginem que os donos das barraquinhas são todos muçulmanos e que as roupas que eles vendem são roupas típicas de, bem, muçulmanos. E com lingeries sendo vendidas nas mesmas barracas daqueles véus e túnicas de cobrir o corpo inteiro. Agora você têm uma idéia da feirinha.

A África do Sul, assim como muitos países na Ásia e no restante da África, tem muitas pessoas de origem islâmica. Os daqui são essencialmente malaios, mas também tem de outros lugares. Vi pela primeira vez na minha vida uma mulher usando uma burka na rua. Só uma mulher, até agora, mas já deu para sentir a diferença.

É uma coisa bem diferente você assistir O Clone ou ver na TV aquelas mulheres com véus cobrindo a cabeça e aqueles homens usando túnicas. Ver ao vivo dá a sensação de ter entrado em algum portal e ter sido transportado a uma realidade totalmente diferente, à qual você não pertence e faz você se sentir meio um intruso.

Logo o relógio bateu 1 da manhã e as barraquinhas foram se recolhendo. Nós também voltamos para casa, nos despedindo (desta vez sem beijinhos) de “Auntie” e “Uncle”. O quinto dia e as focas nos esperavam cedo.

3 comentários:

Caranguejo Excêntrico disse...

NEMOS!! *.*

Legeb disse...

Tô adorando acompanhar os relatos.
Essa feirinha deve ter sido ótima. Quero ver fooootos rs

Beijos,

Erik disse...

rs... Meu super legal!!!!