sábado, 24 de dezembro de 2011

Dia 2: Casino Royale e Jantando com a Máfia

Meu segundo dia em terras africanas começou por volta das 11 da manhã. Logo após o almoço, fomos ao shopping. Sei que não é o melhor lugar para se começar a explorar novas terras, mas John não trouxe praticamente nada para vestir do Brasil, então precisávamos comprar algumas coisinhas antes de mais nada.

O shopping é, hum… Um shopping. Lojas, cafés, praça de alimentação… A única grande diferença é a arquitetura. Por dentro e por fora, ele não é aquela coisa quadrada e sem personalidade dos shoppings brasileiros. Não sou nenhuma especialista em arquitetura - para isso precisaria chamar o meu pai -, mas arrisco dizer que há um tanto de barroco e/ou neoclássico ali. E pinturas no teto. E muitas lojinhas de lembrancinhas da África do Sul que me deixaram com vontade de torrar todo o dinheiro que trouxemos ali mesmo. Por sorte John não me deixou. Ainda vou voltar lá para comprar algumas coisas, mas a maioria ele disse que encontro bem mais barato e com qualidade muito melhor em outros lugares.

Exploramos bem os shopping e algumas lojas, achamos meia dúzia de roupas para que John tivesse o que vestir e voltamos para a casa. Tínhamos um jantar marcado com amigos antigos dos pais dele às 18:30hs.

O jantar era no restaurante do Ritz Hotel. No último andar. Em uma plataforma circular que girava para mostrar a paisagem em 360°.

Então os amigos dos pais dele chegaram. Um casal mais velho, de cerca de 70 anos de idade, e o filho de 40 com a esposa de 20. Todos chineses, é claro.

A partir daí, me senti entrando em um filme do Jackie Chan. Não das comédias americanas que ele faz hoje em dia, mas daqueles antigos de máfia, mesmo. Agora talvez seja um bom momento para mencionar que, até onde eu saiba, eles não são realmente mafiosos. Mas que tinham cara, tinham. Especialmente o cara de 40 com a cara cheia de cicatrizes de espinha ao lado da esposa estilo China for Import que estava sentado bem em frente a nós.

Apesar da sensação constante de que qualquer um deles poderia começar a dar golpes de kung-fu a qualquer momento, o jantar foi bastante agradável. Ganhei presente do casal mais velho - um pingente lindo mas gigante de pedra com vários morceguinhos (disseram eles que traz sorte) e a comida era muito boa. A vista, então, nem comento. Esqueci minha câmera em casa e quis me jogar do alto do prédio, mas Max, o cunhado, levou a Nikkon dele e tirou algumas fotos. Roubarei mais tarde.

Terminado o jantar, voltamos para casa. John, então, quis me levar a um lugar onde eu jamais havia ido: um cassino. Confesso que tinha curiosidade mas ao mesmo tempo um pouco de medo de perder dinheiro, mas John parecia tão animado e eu defendo a política do "por que não?". Então fomos. John, eu e Max.

Não gostei muito da primeira meia hora lá. Perdi cem Rands (a moeda daqui, vale cerca de 4,5 vezes menos que o real - o que faz, para os ruins em matemática como eu, os 100 Rands valerem cerca de 25 reais) nos caça-níqueis e quis voltar para casa chorando. John, então, resolveu me apresentar à maior perdição e diversão de um cassino: as mesas de pôquer.

A única vez em que eu havia jogado pôquer antes disso foi enquanto ainda estava na Nova Zelândia, e joguei apenas algumas rodadas e portanto não me lembrava como fazer. Após ver John jogar, resolvi tentar a sorte. Não digo que nadei em sorte de principiante, mas fui razoavelmente bem.

É uma sensação estranha, ir a um cassino. É como se entrássemos em uma realidade paralela em que dinheiro vale bem menos do que fora de lá. Enquanto no "mundo real" nós pensamos muito bem antes de gastar 100 Rands em uma camiseta, apostar a mesma quantia em uma rodada de pôquer gera um pensamento de "Vou apostar só isso, mesmo? E se eu ganhar?". Uma total desparametrização (ah, meus neologismos…) do valor do dinheiro. Bastou sair de lá e já voltamos a pensar se valia mesmo a pena pagar 200 Rands para pegar um táxi ou se deveríamos chamar Max para nos buscar (isso às 4:30 da manhã, Max se cansou logo e voltou para casa com o carro).

Uma experiência interessante. Mais interessante ainda ver aquelas pessoas apostando 10, 20 mil (e às vezes perdendo tudo) numa única noite. Nós gastamos cerca de 2 mil e voltamos para casa com mais de 4. Um bom lucro, mas uma loucura para não cometer sempre. Ainda bem que não há cassinos no Brasil.

E assim se encerrou meu segundo dia aqui. Estou escrevendo este diário com alguns dias (três, para ser exata) de atraso porque, como vocês devem imaginar, não tenho tanto tempo livre assim para gastar na frente do computador. Mas àqueles que estiverem se interessando, continuem seguindo. Novos relatos não tardarão a ocorrer.

2 comentários:

Linha disse...

Minhas férias na Argentina perdi 500 reais numa noite, na outra ganhei 2000. Na próxima perdi 1500. Jogo é realmente viciante e fico feliz que proibam no Brasil.. porque olha, eu seria uma forte candidata a perder muito dinheiro lá.

Caranguejo Excêntrico disse...

Uia, eu sempre quis ir à um Cassino.
Confesso que não sei se me arriscaria a jogar, porque, bem, eu odeio perder - e, por isso, muitas vezes deixo de jogar - e sou tão mão-fechada que atravesso uma piscina olímpica com um sonrisal na mão e ele continua intacto.
Aliás, acho que se eu fosse a um desses e ficasse mesmo com vontade de jogar, a teoria de que Cassinos estão fora da realidade e envoltos em uma aura mágica poderia ser comprovada sem mais nenhum teste adicional.

XD

E adorei a sua descrição da "Máfia". Tô muito imaginando a cena com o Jackie Chan. XD