Os acontecimentos relatados aqui em meu útimo post se passaram no dia 24 de dezembro. Véspera de Natal. Como vocês já devem (ou deveriam) ter imaginado, chineses não comemoram o Natal. A mãe, toda fofa que é, comprou um Christmas Cake (que é tipo panetone) só por minha causa. Mas não houve ceia nem qualquer tipo de comemoração. Este post não contará, portanto, como são os costumes chineses no Natal simplesmente porque para eles o Natal é como outro dia qualquer.
O dia 25 começou com John e Max resolvendo se lembrar de que o aniversário do pai é no dia 26. Adivinhem se eles tinham comprado presente? Montamos no carro e fomos para o shopping em busca de um presente e na tentativa número 2 de ir ao cinema.
Mas já mencionei que era Natal? Os chineses podem não comemorar, mas a África do Sul sim e aqui, como no Brasil, Natal é feriado e nada abre. E, para piorar, parece que todos os habitantes da Cidado do Cabo acharam que era uma boa idéia ir ao cinema – provavelmente porque era a única coisa aberta –, então todas as sessões estavam esgotadas. Voltamos para casa derrotados e sem ânimo.
À noite comemos um jantar preparado pelo pai. É muito comum os homens cozinharem em casas chinesas, e não apenas em ocasiões especiais. Lavar louça também, pelo menos na família do John, é tarefa masculina, porque mãos femininas têm pele delicada e o detergente faz mal para elas (e quem sou eu para discutir, não é mesmo?).
De cima para baixo: Wan, Tiao, Tong e Feng. |
Após o jantar fui convidada a jogar Mahjong. Quem aí já jogou Mahjong no computador? Aquele que tem várias pedrinhas com símbolos chineses e você tem que achar os pares que ficam na mesma camada, sabem? Então… O Mahjong que eles jogam não tem nada a ver com isso. Quer dizer, existem as pedras e existem os símbolos chineses, mas a forma de jogar é completamente diferente.
As pedras são divididas em quatro naipes diferentes: Wan, Tiao, Tong e Feng. O jogo é sempre jogado com quatro pessoas, cada uma com 13 peças. O objetivo do jogo é formar quatro trios – que podem ser seqüências ou trincas. As seqüências, nos naipes Wan, Tiao e Tong, são numéricas.
Agora olhe bem para as peças Wan.
Você conseguiria colocá-las em ordem numérica? Pois é, quando me mostraram as pedras, nem eu. Precisei assistir três rodadas para aprender (pai ficou surpreso com a velocidade com que aprendi – e eu também).
Já as peças Feng não são números e cada uma representa uma coisa. As pretas só podem formar trincas do mesmo símbolo, enquanto as coloridas também podem formar seqüência.
Mas aí entra outra coisa sobre os chineses: eles adoram apostar. Pai e mãe não (nos proibiram de voltar ao cassino, até), mas mesmo assim eles têm duas caixinhas com moedas antigas de 5 rands para brincar. Cada rodada vale, a princípio, 1 moeda. Existem alguns tipos de jogos que valem mais, ainda não entendi muito bem. Mas o que entendi é que às vezes você pode se deparar com uma dessas belezas aqui:
As de cima são as estações do ano, enquanto as de baixo são flores que nem John sabe direito. |
Estas são pedras extras. Não fazem parte de nenhum naipe a sua única função no jogo é fazer quem dá a sorte de pegá-las ganhar mais dinheiro. Cada uma delas dá ao sortudo – caso ganhe a rodada, é claro – uma moeda a mais.
Acho que nunca comentei por aqui, mas sou louca por jogos de mesa. De carta, tabuleiro, dados, não importa. Mas tenho mesmo é uma predileção por jogos de carta. Aprendi a jogar buraco com 7 anos de idade, com minha avó. Desde então me tornei sua companheira e a parceira perfeita do meu pai nas partidas em família. E depois vieram crapô, canastra, paciência… Até mesmo nos jogos mais inocentes, como rouba-monte, porco, mãozinha e mau-mau, lá estou eu na mesa. Truco, por incrível que pareça, só fui aprender há poucos anos e pra falar a verdade não sou muito fã. Acho bobo.
Portanto não é de se surpreender que eu volte para o Brasil carregando uma caixa de peças de Mahjong e obrigue todo mundo a aprender para jogar comigo. Estão avisados.
Quê? Se eu ganhei a partida? Hum… Digamos que naquela primeira noite eu tive sorte de principiante, mas no dia seguinte botei pra quebrar. Ganhei disparado de todo mundo, principalmente do Max (que saiu para se encontrar com uma garota misteriosa e foi substituído pela mãe, que não é lá muito chegada no jogo). Já hoje – dia em que estou escrevendo este post – tive uma vitória linda de um Dragão (é como se chama quando se consegue fazer uma seqüência do mesmo naipe de 1 a 9) arrancada das mãos por John, o impiedoso, e acabei perdendo até minha última moedinha de 5 rands. Mas tudo bem. A vingança será maligna.
7 comentários:
ehhh
sua tia anseia por postagens mais rápidas!!!!
Ainda mais rápidas? Postei duas só ontem! Hahaha!
Eu topo aprender a jogar Mahjong ^^
mais quantos dias até a 5ª, e a 6ª só jogo, hoje já estamos entrando no ano novo....
Eu quero aprender a jogar Mahjong!
(E eu sei porque você acha truco bobo. Perder para duas latinhas de cerveja foi realmente traumatizante. XD)
Shhhhh, Karol! Não espalha!
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