Ah, o avião… A oitava maravilha do mundo,
que encurta as distâncias e desafia fronteiras, inventada - não me venham com
Irmãos Wright - por um gênio brasileiro de 1,65m de altura. Nada como uma
viagem de avião… desde que você não se sente nas poltronas do meio de um Boeing 747 por 12 horas seguidas e sofra de enjôo.
Duas situações me provocam enjôos
crônicos: ler em movimento (o que é terrível quando você viaja bastante e está
na faculdade) e viajar de avião. Não sei quanto a cruzeiros porque nunca fiz um
- mas tenho o estranho pressentimento de que a experiência não seria boa para
mim. Uma coisa, no entanto, que não sei explicar é porque eu sempre esqueço
deste "pequeno detalhe" todas as vezes que viajo de avião.
E não foram poucas vezes. Entre 2008 e
2009 - período em que morei na Nova Zelândia -, fiz quatro viagens de 13 horas
seguidas cada (sem contar as três horas até a escala em Buenos Aires). E em
todas, sem exceção, eu me esqueci que tinha enjôos. Talvez por não terem sido
muito fortes e nem em todas as vezes, mas fato é que esqueci. Por favor, não
permitam que eu me esqueça novamente. Ter sempre um Dramin na bolsa quando for
viajar de avião, esta é minha nova regra.
Após sofrer, então, por 12 horas (10 até
Johanesburgo e depois mais 2 até a Cidade do Cabo), enfim chegamos. Não vou
mentir, eu estava nervosa. Muito. Não é todo dia que a gente conhece sogros
chineses que não falam inglês lá muito bem. Por mais que John tentasse me
acalmar, nada tirava da minha cabeça que eles iriam me odiar e me dar de comer
aos pandas de estimação. Ou algo do tipo.
Então os encontramos. Os três
chineses - baixinhos, fazendo John
parecer um gigante do alto de seus 1,75m - mais felizes do aeroporto. O mais
novo - o cunhado, Max, de 19 anos -, segurando flores. Para mim.
Seguimos para o carro - uma van de 11
lugares, porque os sogros fazem pacotes turísticos para chineses. E a partir
daí tive uma idéia - embora estivesse tão morta da viagem que não consegui
prestar atenção em absolutamente nada da paisagem no caminho - de como serão
minhas três semanas aqui: Ouvir chinês o tempo inteiro, volta e meia tendo a
conversa traduzida por John ou pelo seu pai.
Agora, sim, sobre os sogros. Helen, a mãe
(que obviamente não se chama Helen, assim como John não se chama John e Max não
se chama Max - todos têm seus nomes chineses que eu ainda não aprendi a
pronunciar), sempre sonhou em ter uma filha - ou uma nora, o que para eles dá
no mesmo. E Sam, o pai, é - ao contrário de todas as expectativas - um senhor
muito falante e simpático. Chinês com um tantinho de sangue Real - a mãe é da
Manchúria, o que aparentemente significa ter sangue de dinastia do Império -,
aprendeu japonês sozinho e sem nunca ter ido ao Japão. Trabalhou como tradutor
chinês-japonês por muito tempo antes de se mudar para a África do Sul e virar
guia turístico. Fala inglês melhor do que a esposa, então volta e meia traduz a
conversa para mim (ou fala diretamente em inglês para que eu possa entender).
Mencionei que Helen sempre sonhou em ter
uma filha, certo? Pois é. Pois durante todos estes anos ela vem comprando
pequenas coisinhas que daria para uma filha, caso tivesse. E agora ela tem. O
que significa que já ganhei mais presentes desde que cheguei aqui do que
durante os últimos 5 anos da minha vida. E John disse que ainda tem mais. Claro
que adoro ganhar presentes, mas com tantos assim eu já nem sei mais como
agradecer. E, como boa mãe chinesa - o que, neste quesito, é igual a uma madona
italiana -, vive tentando me alimentar com tudo o que tem na geladeira. As
comidas - ok, preciso ser sincera neste momento e dizer "quase todas"
- são uma delícia, mas eu ainda não sou um avestruz e de vez em quando preciso
me refugiar no quarto para poder parar de comer.
Os dois, sogro e sogra, são duas das
criaturas mais apertáveis que eu já conheci. Daquelas que dá vontade de morder
e guardar num potinho, sabem?
"Tati-nia" acima. Embaixo, a forma correta. |
Ah, sim. Nomes. Como eu disse, os nomes
deles não são estas adaptações ocidentais dadas por uma antiga vizinha. E, bom,
o meu nome É realmente Tatiana. Depois de alguns minutos ensinando os pais a
pronunciarem corretamente, John finalmente conseguiu - coisa que não consegui
em 1 ano e meio de Nova Zelândia (onde o mais perto do meu nome que eles conseguiam
pronunciar era "Tash"). E a mãe sacou na hora papel e caneta para
escrevê-lo em chinês. Na primeira tentativa, escreveu "Tati-nia".
Após risos de John e Sam, Helen se corrigiu. "Tati-ana", escreveu.
E me chamam de "Tati", assim
mesmo, direitinho, do mesmo jeito que você leu. Ou "Yato", que
significa algo entre "moça" e "filha". Ou, como Helen
prefere me chamar, "Ana". Agora é o momento em que eu preciso
confessar que sempre quis ser chamada de "Ana" por alguém. Acho fofo.
O primeiro dia acabou cedo, como já era
previsto. Antes das 10 da noite - fuso-horário de 5 horas à frente do Brasil -,
estávamos roncando na cama. E no dia seguinte acordamos por volta das 11 da
manhã e John me levou para conhecer um pouco da cidade. Mas aí já é assunto
para o próximo post...
3 comentários:
muito amor... ôh menina de sorte que você é... XD
Ah, Tati! Que coisa mais linda. Consigo até imaginar todo mundo rindo daquele jeito fofo.
CADÊ FOTO DOS SOGRO? Quero ver tudo, tudo!
Aproveita linda aí, que eu guardo as saudades aqui.
Um beijão!
Opa! Mais uma Ana, então? Vamos montar um "club'anas?" XD
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