quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sonhos Que Eu Tenho

Já comentei aqui neste blog que tenho sonhos bizarros. Muitos sonhos. Muito bizarros. 
Desde minha mais remota lembrança tenho estes sonhos. Para mim eles sempre foram muito normais e eu achava que todos tinham sonhos como os meus - até eu começar a contar para as pessoas e elas fazerem cara de "Céus, você é louca". 

Na adolescência, talvez devido aos hormônios, a freqüência e o nível de bizarrice dos sonhos aumentaram muito. Somente após os 19 eles começaram a ocorrer com menos freqüência - ou eu passei a lembrar menos deles.

Houve uma época em que tentei interpretá-los. Quer dizer, alguns sonhos que tenho são facilmente explicáveis - foram causados por algo que vi, falei ou pensei durante o dia. Já outros, por mais que terapeutas possam tentar interpretar, simplesmente não significam nada. A não ser que eu tenho uma imaginação bastante fértil.

Mas há uma espécie de padrão nos meus sonhos. A maioria deles podem ser enquadrados em algumas categorias. São elas:

- Cidade dos Sonhos: Há uma cidade que freqüentemente visito durante os sonhos. Comecei a sonhar com ela por volta dos 15 anos de idade, e no começo era uma cidadezinha de interior, com uma pracinha simpática e coreto no centro. Com o tempo ela foi aumentando - não me perguntem como, mas eu sempre sei quando estou nesta cidade, e também sei que é a mesma cidade desde a primeira vez -, ganhando prédios, lojas, prefeitura, shopping centers, metrô. Uma das regiões desta cidade tem verdadeiros arranhacéus de centenas de andares, com elevadores que andam em todas as direções. Com grande freqüência eu visito o topo destes arranhacéus e observo - com uma certa vertigem mas sem muito medo - a cidade lá de cima. Há também nesta Minha Cidade muitas igrejas, que são o próximo tópico.

- Igrejas e Sinagogas: Não sou religiosa. Oficialmente me considero agnóstica, mas confesso que tenho lá minhas crençazinhas aqui e ali. Não vem ao caso. Mas o fato é que já tive e ainda tenho muitos sonhos passados em igrejas e sinagogas. Todos eles são envolvidos por uma aura extremamente religiosa - quase medieval. Já sonhei, por exemplo, que eu era um homem entrando numa igreja, chorando porque havia perdido toda a família. Esse homem - eu - olhava para o Cristo pendurado no altar e, gritando algo em russo, tirava um punhal do bolso e o enfiava na própria barriga. Em outro sonho eu chorava copiosamente em uma sinagoga porque queria o direito de entrar na área reservada para os judeus de nascença, até que um rabino de barba longa me entregou algumas escrituras que eu deveria ler antes de poder entrar ali. Em outro, ainda - que por acaso foi o primeiro sonho que me lembro na Minha Cidade -, eu procurava por uma igreja ortodoxa. Ao encontrá-la eu precisava urgentemente entrar nela, mas vi que ela estava em reforma. Havia anjos assustadores em sua fachada.

- Shopping Centers: Menos macabros do que os do tópico anterior, os sonhos com shopping centers têm se tornado mais freqüentes nos últimos anos. São sonhos em geral chatos, porque entram em um ciclo que nunca termina. No último que tive com este tema eu tinha que sair do shopping após seu fechamento, e a única forma era através de um tobogã no qual eu tinha que prestar muita atenção para fazer a curva no lugar certo ou voltaria para dentro do shopping. Não preciso dizer que esqueci de fazer esta curva MUITAS vezes, até enjoar do sonho e acabar acordando.

- Praias, Piscinas e Lagoas: Estes são sonhos que eu realmente precisaria filmar para poder explicar. Na parte de piscinas e lagoas em geral eu também vôo - o que acontece quando eu pulo muito alto e demoro para voltar ao chão. Já as praias são verdadeiras obras surrealistas. São sonhos bastante claros e cheios de cores vibrantes, todos os desta categoria. O mar muda muito de forma - em uma das vezes ele era cerca de 1,5m mais alto do que a areia e ficava como que "pendurado" no ar, como se houvesse uma barreira invisível segurando-o. As piscinas em geral têm chafarizes e animais - como uma vez, em que o tubarão que habitava uma delas virava um leão quando saía da água. Já as lagoas são sonhos com natureza, geralmente com uma cachoeira e trilhas na montanha. Só em sonho, mesmo...

- Mudar de Casa: Já mudei muitas vezes. Contando nos dedos não cabe em uma mão todas as mudanças que já fiz na minha vida. Mas se eu for contar aí também as mudanças que já fiz em sonhos, não sobra dedos para contar história - nem se eu usasse os de todos vocês juntos. Estes sonhos se passam em casas ou apartamentos que são verdadeiros paraísos. São em geral sonhos muito agradáveis, mas que me deixam um pouquinho triste quando acordo e percebo que não era verdade. Confesso que estes sonhos talvez representem minha inquietação ao morar muito tempo em um lugar só.

- Viajar: Estes são os sonhos em que eu mais digo a frase "E desta vez não é sonho, é de verdade!". Não precisa nem dizer quão decepcionada fico quando acordo, não é? Já viajei para o Egito, para Paris, Londres, Madrid, Tóquio, Pequim, Sidney... Tantas cidades e países que já conheci em sonhos que não saberia citar todas. Em vários destes sonhos eu choro de emoção ao perceber que "realmente" estou no tal lugar. Sonhos deliciosos, mas que invariavelmente me deixam triste quando acordo.

- Dorgas, Manolo!: Estes são aqueles sem pé nem cabeça. Um dos mais célebres foi quando fui expulsa de um avião em pleno vôo e decidi voar atrás dele para me vingar. O céu estava vermelho e eu voava com os braços abertos, como um avião. O avião, por sua vez, fugia de mim e volta e meia "olhava" - imaginem algo como Jay-Jay, o Jatinho - para trás para ver se eu ainda estava atrás dele. Bem que uma amiga dizia que na nossa turma "o mais normal corre atrás de avião". Faz sentido.

Tenho ainda várias outras categorias que poderia colocar aqui, mas deixo para contar sobre elas quando tiver sonhos fresquinhos - ou me lembrar de algum antigo - para relatar. Por enquanto deixo vocês só com uma idéia de o que se passa na minha cabeça enquanto estou dormindo.

E vocês? Que tipo de sonhos costumam ter?

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Que tem Fiuk a ver com as calças?

Posso assistir qualquer tipo de filme. Adoro os de suspense e gostou muito de um bom terror (mas tem que ser bom, não me venha com Pânico ou coisa do tipo). Não tenho problemas com cenas de assassinato, sangue, explosões, pedaço de gente caindo pelos cantos. Mas nunca, NUNCA consegui assistir a uma cena de estupro.

Por muito tempo achei que isso se devia ao fato de eu ser mulher e saber que aquilo poderia acontecer comigo. Mas eu também sou gente e poderia ser assassinada, seqüestrada, cortada em pedacinhos e devorada por Hannibal Lecter, não?

Hoje, após ler a brilhante entrevista que nosso caro Fiuk deu para a Playboy, finalmente entendi porquê. Trecho da entrevista:
"Eu sou a favor de a população botar a cabeça no lugar, de as mulheres abaixarem um pouco a minissaia, segurarem um pouquinho a “periquita” porque o bicho está pegando."
Ah, então agora tudo faz sentido! Nós, mulheres, é que temos que abaixar a saia e segurar a periquita porque, afinal de contas, homem não tem o menor controle sobre o próprio pau e se a gente não se cuida, eles saem por aí comendo todas as que derem mole. E as que não derem. Porque se a gente não abaixar a minissaia e não "segurar a periquita", eles podem acabam nos estuprando "sem querer", né?

Versátil: Além de "ator" e "cantor", ele também é um babaca

Vocês podem argumentar que não foi isso que ele disse, que estou pondo palavras na boca dele. Na mesma entrevista ele diz que já fez sexo com sete mulheres ao mesmo tempo. Com certeza, sete mulheres que não abaixaram a minissaia nem "seguraram a periquita". Mas se ele é contra as mulheres que não se "dão ao respeito", porque é que comeu sete delas ao mesmo tempo? Ah, sim, porque ele é homem... Porque elas estavam lá, dando sopa, e ele não podia controlar o pau e dizer não, né?

Entre isso e um homem que acha que pode fazer sexo com uma mulher à força só porque ela está de minissaia é um pulo.

Então eu entendi. Meu problema com cenas de estupro não é porque eu poderia ser estuprada. É porque, toda vez que uma mulher é estuprada, todas são. No nosso direito de vestir o que quisermos, de andar por onde quisermos, de escolher com quem faremos sexo ou não. O estupro a uma mulher não é uma violência contra aquela mulher, mas sim contra todas.

E ainda tá cheio de menina tietando babacas como ele.

Da Série: Sonhos Que Eu Tenho

Adoro sonhar. Desde que me lembro por gente, tenho os sonhos mais estranhos de que tenho notícia. Há inclusive uma cidade para a qual recorrentemente volto. Uma verdadeira metrópole, com shopping centers e metrô. Mas este sonho não se passou na minha cidade. Foi um sonho isolado, estranho. Daqueles que me fazem ter a sensação de assistir a um filme, mas do lado de dentro da tela. Não participei exatamente dele, embora volta e meia estivesse no corpo do menino mudo. Como começou não sei precisar, mas a história é - com alguns detalhes faltando, mas nenhum a mais - essa que eu conto.



Era uma mansão. Dois andares, o segundo completamente estofado. Não se podia pisar com os pés calçados ali.

Uma casa cheia de segredos. Uma família estranha. Eram uma garota e seu irmão adolescentes. A empregada leal. Um príncipe e seu consorte jovem, loiro e etéreo. E era um menino mudo - cerca de 13 anos - agregado com seu irmão pequeno.

E havia um visitante. Alguém indesejado, procurando saber o segredo daquela casa. O príncipe, em sua nobreza, o recebera com muita hospitalidade.

E o visitante, por meios que não se sabe explicar, procura invadir os segredos e a segurança da estranha família. O menino mudo, tal como um cãozinho fiel que defende sua casa, mata o intrometido com um grito de ódio.

Confusão na casa. Sem falar sobre o assunto, todos ajudam a esconder o corpo. O príncipe, desconfiado, pergunta ao menino mudo de quem era a voz que gritou. O menino indica o irmão, o príncipe não acredita.

De repente um incêndio se inicia no piso superior. Todos correm a apagá-lo. O menino mudo novamente solta um grito. O príncipe vê. O menino corre para seu quarto, seguido pelo príncipe. Com a delicadeza característica de um príncipe, ele toma o menino nos braços e o interroga novamente. O menino começa a chorar. O príncipe o beija ternamente nos lábios.

O consorte loiro chega e sorri. Também abraça o menino. Era a profecia, todos entendem. O menino que podia falar e viera para proteger àquela estranha família. Prometido ao príncipe ainda em espírito.

A paz reina na estranha família da mansão.


Vi outro dia que estão desenvolvendo uma máquina que no futuro será capaz de filmar os sonhos. Não vejo a hora disso acontecer.