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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Bolsas, Bolsinhos, Bolsões

Uma coisa que me tira do sério (ou me faz rir, dependendo do meu humor/época do mês em que estou) são as matérias reservadas "para mulheres" em sites e revistas de variedades. Todas partem do princípio de que mulher, sem exceção, sempre está bem arrumada, com o cabelo recém-saído da última ida ao templo das fofocas cabeleireiro, com a roupa impecável comprada na última coleção daquela loja cara do shopping, perfumada, linda e maravilhosa. Não que elas não existam. Você, que está agora lendo este blog, pode mesmo ser uma delas. Mas levantem as mãos todas as mulheres perfeitas que eu conheço e ainda não encherão um salão de beleza.

Mas, como boa leitora compulsiva de porcarias na internet que sou, sempre dou uma checada nas "dicas de beleza" (que nunca vou seguir) que alguns sites publicam. A última dica a me chamar a atenção tinha como título "Como passar o esmalte sem borrar", e era um vídeo de uma série de soluções simples para problemas cotidianos. Como, enfim, no fundo ainda sou mulher e não gosto de gastar com manicure, fui xeretar para ver se tinha alguma coisa interessante que eu pudesse usar. 

A dica, explicada neste vídeo, começa com uma historinha bem cotidiana para ambientar as interessadas: Imagine que você tem um encontro com aquele gato (linguagem de Revista Capricho detectada, primeiro sinal de alerta), mas não teve tempo de passar na manicure para fazer as unhas. Você então põe uma roupa e sai correndo, quando percebe que o esmalte que você está usando não combina com o vestido (momento "esmalte tem que combinar com o vestido" detectado, segundo sinal de alerta). Já dentro do ônibus em movimento, o que você faz? Simples! Você saca imediatamente de dentro da bolsa o esmalte ideal para o vestido e um objeto com o tamanho e formato de uma bola de tênis (ou uma própria, "caso você esteja voltando do clube" - de vestido.) para segurar e dar firmeza às mãos enquanto pinta as unhas.

Certo. Obrigada, excelente dica. Minha única dúvida é: Quantos objetos do tamanho e formato de uma bola de tênis você carrega casualmente na sua bolsa? Tudo bem que diz a lenda - e há relatos de fontes confiáveis - que de uma bolsa de mulher pode-se tirar praticamente tudo, mas eu duvido muito que alguma ande com uma bola de tênis, assim, como quem não quer nada.

Bigger on the inside?
A regra geral, defendida por estudiosas do mundo inteiro, é que mulheres carregam na bolsa tudo aquilo que consideram que um dia poderá ser crucialmente útil. Celular, carteira, óculos de sol são itens básicos - carregados até mesmo pela maioria dos homens. Protetor solar, caneta - às vezes mais de uma, para o caso da primeira falhar - e pelo menos um absorvente extra just in case são coisas que você vai usar com certeza uma hora ou outra. Um pacotinho de bala ou chiclete para aqueles momentos em que precisar refrescar o hálito, uma escova de dentes, um espelhinho. Dependendo da preferência da dona, um ou muitos itens de maquiagem (na minha, lápis, rímel e um batom que nunca uso). Chaves da casa e, se for o caso, do carro. Colírio não pode faltar para quem usa lentes ou passa muito tempo em frente ao computador. Um bloquinho de notas ou um caderninho, porque nunca se sabe quando você precisará anotar alguma coisa ou terá aquela inspiração para escrever. MP3 player, fones de ouvido e/ou um livro para momentos de tédio ou quando você precisar esperar por alguém. Durante o verão é imprescindível a presença de um guarda-chuva. Há também quem não saia de casa sem uma garrafa d'água. E, caso você tenha um namorado ou marido, celular, carteira, óculos de sol e tudo mais que ele quiser levar ("Põe na sua bolsa, amor?").

Mas, a não ser que você seja uma tenista profissional, quais são as chances de você ter, agora, uma bola de tênis na sua bolsa? Revirei a minha umas duas vezes. Não. Nada que sequer lembre uma.

A dúvida que me assombra é: estes vídeos de "dicas" ou são feitos por mulheres perfeitas que descobriram a tecnologia dos Timelords e conseguem carregar até bolas de tênis dento da bolsa ou por homens que vão fundo demais na crença de que mulheres carregam - e devem carregar, se quiserem ser mulheres lindas e femininas - a casa inteira e mais um pouco na bolsa. Baseado no narrador, acho que já sei a resposta.



Update: Falando em bolsas e "bigger on the inside", navegando pela internet acabo de me deparar com isso. Acho necessário e fica a dica pra quem quiser me dar presente de Natal. 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Se eu morrer de salto alto...

Vivo uma vida cheia de emoções e perigos. Já quase morri várias vezes. Quase morro pelo menos uma vez por dia. Duas quando estou gripada ou ferida.
Depois de já ter agüentado pelo menos duas gripes, três ferimentos mortais e algumas tentativas de envenenamento, namorado aprendeu.

- Amor, se eu morrer...
- Já sei, já sei... Cremar, não enterrar. 

Ontem eu estava ferida. Por um motivo de mulher-bicho-besta, resolvi pôr o par de sandálias de saltos altíssimos que - coloquemos dessa forma - peguei emprestado da minha irmã. Aqui devo confessar uma coisa: não sei andar de salto. Devido a uma série de circunstâncias que envolveram desde dores nas costas até cinco anos de namorado quase mais baixo do que eu, acabei não desenvolvendo as habilidades femininas de se equilibrar em cima de um salto.

Andar de saltos altos está na natureza feminina. Ou não.

Mas depois de treinar algumas vezes em casa (vezes nas quais eu me sentia uma verdadeira Mulher-Gato em cima de salto agulha, pronta para arrasar), resolvi que já tinha skills suficientes para enfrentar o shopping. Resultado: de Mulher-Gato passei a me sentir a Mulher-Pato, meus pés suavam feito duas bicas e me faziam escorregar dentro das sandálias e sabe aquela poeira da rua que entra debaixo do seu pé e vira sujeira? Viraram verdadeiras pedrinhas que ficaram se esfregando nos meus já espremidos dedinhos, quase cortando a pele. Uma verdadeira tortura medieval, eu diria.

Sei não... Tenho minhas dúvidas de qual método é mais cruel.

E, claro, quase morri. Já bem treinado, namorado só ri da minha cara (o que acho uma injustiça, uma vez que eu estava quase morrendo para tentar ficar mais bonita para ele). Depois que eu desisti de bancar a Mamãe Ganso e resolvi tirar as sandálias ali no meio do shopping, mesmo (e comprar o primeiro par de chinelos baratinhos para não machucar os pés já feridos), voltamos para casa e eu me joguei na cama com os pés para cima.

Namorado quieto. Eu de pés inchados. Namorado resmunga. O que foi, dessa vez?
- Por que você resolveu pôr essas sandálias se sabia que iam machucar?
Nesse momento quase comecei um discurso sobre a sociedade machista e como ela obriga as mulheres a se infligirem os mais diferentes tipos de tortura para ficarem mais agradáveis ao sexo masculino, mas parei para pensar. Não, ele não havia me obrigado a usar as sandálias. Ele nem ao menos sabia que eu as havia contrabandeado na última visita à casa dos meus pais. Ele nunca deu a entender que gostaria que eu me vestisse de forma assim ou assado para ficar mais bonita para ele exibir.

Cheia de vergonha, admiti. Eu decidira colocar as sandálias porque eu achava que ficava mais bonita com elas. Por mais que a sociedade machista diga que as mulheres devam estar sempre lindas e femininas a qualquer custo, quem insistiu em sofrer no alto daqueles dez centímetros fui eu.

Levantei para ir ao banheiro. Pés explodindo de dor. Sinto que vou morrer.

- Amor, se eu morrer...
- Já sei, já sei... Cremar, não enterrar...

E são apenas quatro meses.