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domingo, 6 de janeiro de 2013

O Dia em Que Fiquei Famosa (só que não)

Era ontem, dia 5 de janeiro de 2013. Eu me dedicava à minha tarefa de organizar as caixas e malas que trouxe da minha casa em Campinas - estamos de mudança, lembram? - para a casa dos meus pais. Parei por alguns minutos para dar um banho em Tobi e Kiara, os cachorros. Aí o telefone toca.

"Tati, você conhece alguma Gentila?", Mari, a irmã, me pergunta. Conheço, sim. Foi minha professora de História na quinta série. O que não explica por que ela estaria no telefone, querendo falar comigo. Não venha me dizer que resolveu alterar a nota naquele trabalho que fiz e me permitiu passar de ano, treze anos atrás. Atendo o telefone.

"Olá, Tatiana. Aqui é a Gentila, do museu." Bom, duas informações que posso tirar disso: 1) ela não faz idéia de que foi minha professora e 2) em cidade pequena ninguém diz os nomes dos lugares, é sempre "o museu", "a igreja", etc.

"Você conhece a Rádio Comunidade?" Erm… Não. Mas eu também não moro aqui e não ouço rádio, então não é um grande problema. "Nós temos esse programa chamado 'A Hora da Carochinha', no qual entrevistamos poetas locais".  Oi? Será que eu entendi direito?

"Eu gostei muito da poesia que você mandou para o Concurso Gustavo Teixeira e, mesmo sem você ter sido selecionada para a final, eu gostaria de convidar você para participar de uma entrevista amanhã".

Pausa para explicações: Gustavo Teixeira foi um poeta nascido em São Pedro. Não exatamente famoso fora daqui, mas eu honestamente gosto das poesias dele. E todos os anos há o grande Concurso Gustavo Teixeira, que premia poesias inéditas e também interpretações das poesias dele. Eu ganhei primeiro lugar há alguns anos e este ano me inscrevi novamente, mas não fui selecionada.

Pausa na ligação para eu assimilar as informações. Estou sendo convidada a dar uma entrevista numa rádio por causa de uma poesia minha. Segurando minha criança interna, que neste momento está dando pulinhos e gritinhos de alegria, aceito o convite.


E hoje fui dar a entrevista. Bastante interessante, o entrevistador é um diretor de teatro da cidade (de quem eu nunca tinha ouvido falar, mas novamente, eu não moro aqui), bem simpático e que soube conduzir a entrevista de uma forma que não fiquei (muito) nervosa. Até consegui ler minha poesia em voz alta - coisa que sempre me deixa extremamente nervosa.

Infelizmente, esqueci de perguntar para minha professora de História da quinta série qual era a freqüência da rádio, então ninguém ouviu. Mas Mari, a irmã, ficou dentro do estúdio durante a entrevista e a gravou de lá, assim que eu tiver a entrevista em mãos faço um update com o áudio.

Portante hoje foi o dia em que fiquei famosa. Só que não.

Ah, sim. Para quem se interessar, aqui vai a poesia que me rendeu uma entrevista:

Não chorou no enterro da mãe  
Era um menino bonzinho,
"Um anjo", diziam as avós
Mas não chorou no enterro da mãe.
Olhou o caixão, e lá dentro o defunto que o gerara
Mas nem uma lágrima soltou. 
Era um menino de talento,
Tinha tudo que um menino quer
Tinha casa, comida, brinquedos
E tinha a mãe, mas esta não tem mais
A mãe-defunta que dorme com os mortos
A mãe-cadáver que estava no caixão
Que o menino viu e não chorou. 
De não chorar, o menino calou
E ninguém mais o viu sorrir.
Mas ninguém se importava; valia apenas
Que o menino não chorou no enterro da mãe. 
E não chorou, o menino, porque não sabia chorar
Ninguém nunca o ensinara
- Mas chorar lá é coisa que se ensine?
E não chorou no enterro da mãe. 
O nome do menino nem ele se lembrava
Não mais o chamavam; ele era apenas
O garoto que não chorou no enterro da mãe. 
Até o dia em que o menino gritou,
E gritou apenas porque ainda não sabia chorar,
Gritou até que todos o ouvissem
E o expulsassem de casa por gritar; afinal
Ele não chorou no enterro da mãe. 
O menino gritou correndo pelas ruas,
As pessoas fechavam a janela,
E o menino gritou até não conseguir mais. 
O menino entrou na igreja,
Lá viu suas avós. "Um anjo", elas diziam.
E subiu no altar e despiu a Virgem Maria
Sem tirar-lhe o véu.
As pessoas o acusaram. O menino
Não chorou no enterro da mãe. 
Morreu assim, ninguém sabe como
Nem importa saber.
Mas não chorou quando morreu
E nunca aprendeu a chorar.
E não chorou no enterro da mãe.
Update: Abaixo, o áudio da entrevista.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Quem é vivo (quase) sempre aparece

Hora de espanar a poeira, dar uma varrida no chão, abrir as cortinas e tirar as teias dos cantos da parede.  Da última vez em que escrevi neste blog eu ainda tinha 23 anos, era solteira e Oscar Niemeyer estava vivo.

Pois é. Muitas coisas mudaram nestes quase cinco meses de ausência. A primeira - e mais óbvia - é que completei 24 anos de vida. A segunda é que me casei. A terceira, mas não menos importante, é que estou de mudança e não sabemos para onde.

Como já comentei neste blog (já, mesmo? não sei... são tantos blogs que me confundo...), tenho no fundo um espírito meio cigano que não me deixa ficar quieta em um lugar só. O "para sempre" me assusta e me dá vontade de mudar. Tenho medo da rotina.

Aí vocês me perguntam "Mas se você é assim, como é que foi se casar?". A isto eu me reservo o direito de dar uma risadinha tímida e dizer o clichê do "Estava escrito". Ou algum outro do tipo.

Mais novidades: em março ou abril, viajaremos - John e eu - para a China e, mais uma vez, para a África do Sul. A China é para que ele possa me apresentar para o resto da família - tios, tias, primos, avós. Já a África do Sul é para que ele possa visitar os pais, oras. Prevejo Diário de Bordo. Ou não, já que a internet na China é um bocado limitada.

Minha intenção é voltar em breve. Talvez fale um pouco sobre o casamento e a vida de casada, mas não prometo. Cansei de prometer o que acabo não cumprindo. Este foi, portanto, apenas um post para lembrar que estou, sim, viva e que o blog não está encerrado.